Em uma noite que deveria ser como qualquer outra em Santa Maria, Rio Grande do Sul, a natureza decidiu reescrever drasticamente o destino da família Ulguin da Rocha. A casa, que era o cenário de suas vidas e memórias, agora é apenas um rastro de escombros e desolação, um retrato trágico das recentes enchentes que devastaram a região.
Catiane Ulguin, irmã de Liane, uma das vítimas, compartilhou com uma voz embargada: “Eles estavam todos em casa, tentando achar algum conforto frente ao medo que as chuvas traziam. Mas o destino foi cruel demais. Um estrondo como de trovão selou o destino de minha irmã e minha sobrinha.“
A família, composta por Liane, seu marido Robson e dois filhos, Emily e um jovem de 19 anos, tentava manter a normalidade enquanto o caos se desenrolava ao redor. Enquanto Robson e o filho mais velho ocupavam a parte da frente da casa, Liane e Emily estavam nos quartos dos fundos, os locais mais afetados pelo desastre.
Catiane relembra o horror: “Meu cunhado só foi ver o que estava acontecendo lá fora. Quando voltou, a casa já estava sendo destruída por uma pedra gigantesca, do tamanho de um carro, que desceu o morro com tudo. Levou tudo pela frente, a casa, as esperanças, tudo.“
O impacto foi devastador, apagando em segundos a existência física da casa e levando a vida de Liane e Emily. O irmão mais novo sobreviveu por um fio, sendo retirado da lama por vizinhos corajosos, enquanto Liane, que trabalhava como decoradora, e Emily, uma adolescente descrita pela tia como o coração alegre da família, não tiveram chance.
“Emily estava tão animada para seu aniversário de 18 anos, que seria na próxima segunda-feira. Agora, o que temos são lágrimas e o silêncio que ela deixou,” disse Catiane, com a voz quebrada pela emoção. Emily estava em seu quarto, um espaço que ela adorava, cheio de sonhos e planos para o futuro que nunca chegaria.
Catiane também aponta para a longa história da família na região, que nunca tinha enfrentado um desastre dessa magnitude. “Moramos aqui faz décadas e nada igual a isso tinha acontecido. Agora, só sobrou o chão onde nossa casa e nossos sonhos estavam construídos.“
No rescaldo da tragédia, a comunidade de Santa Maria se une em solidariedade, mas a dor da perda é um lembrete sombrio da força devastadora da natureza. Catiane conclui, pedindo reflexão e preparo: “Que nossa dor sirva de alerta. As enchentes levaram minhas queridas, mas que a consciência sobre a necessidade de preparação e cuidado possa florescer. Ninguém deveria sofrer o que sofremos.“
Esta narrativa não apenas traz à tona a história de uma família despedaçada, mas também ilumina a necessidade urgente de políticas mais eficazes de gestão de desastres e suporte às vítimas, garantindo que nenhuma outra família tenha que passar pelo mesmo desespero que abateu os Ulguin da Rocha.
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